Mesa 01 - "Arte e Antropologia"

Mesa 01 - "Arte e Antropologia"

Breve Sumário

Este vídeo é a gravação da primeira mesa da Jornada de Ciências Humanas e Sociais, intitulada "Arte e Antropologia". A mesa redonda conta com a participação de diversas professoras e pesquisadoras da área, que discutem a relação entre arte e antropologia, abordando temas como a arte indígena, a cultura popular maranhense, o surrealismo e a colonialidade.

  • A relação entre arte e antropologia é complexa e multifacetada.
  • A arte indígena e a cultura popular maranhense são importantes expressões da identidade brasileira.
  • O surrealismo e a colonialidade são temas relevantes para a compreensão da arte e da cultura contemporânea.

Abertura e Introdução [0:40]

A mesa "Arte e Antropologia" é apresentada como parte da Jornada de Ciências Humanas e Sociais, com o tema "Territorialidades e Cultura em Tempos de Resistência". São apresentadas as participantes: as professoras Larissa Lacerda Menendez, Jardim Nelma Ferreira Rolando Borges, Lisiane Castro Matos e Ana Caroline Amorim Oliveira, que atuará como mediadora. Cada uma tem vasta experiência em áreas como artes visuais, antropologia social, cultura popular e estudos sobre povos indígenas.

Apresentação de Lisiane Castro Matos [5:06]

Lisiane Castro Matos inicia sua apresentação, mencionando sua formação em Ciências Sociais e sua atuação na área da cultura popular. Ela compartilha resultados de uma pesquisa de 10 anos sobre o cazumba, um personagem da cultura popular da Baixada Maranhense. Seu interesse inicial era estético, mas evoluiu para uma abordagem antropológica, buscando entender o significado do cazumba na vida das pessoas.

O Cazumba e o Bumba-Meu-Boi [10:29]

Lisiane explica que o cazumba é um personagem do folclore maranhense, encontrado principalmente na região da Baixada Maranhense. Ela descreve sua experiência como monitora de museu e seu encontro com o personagem, que despertou seu interesse por suas características estéticas. A pesquisa evoluiu para uma abordagem antropológica, buscando compreender o sentido do cazumba na vida das pessoas e a relação com a religiosidade popular. Ela também aborda o Bumba-Meu-Boi, outra importante manifestação cultural do Maranhão, e a relação entre arte e religiosidade nessas expressões.

Transformações e Relações Sociais [23:28]

Lisiane discute as transformações no personagem do cazumba ao longo dos anos e as relações sociais entre os brincantes. Ela observa que a indumentária do personagem se tornou mais grandiosa, com torres mais altas, o que gerou disputas por prestígio. A mudança na indumentária também alterou a expressão corporal do personagem, limitando seus movimentos. A devoção a São João é um elemento central na vida dos brincantes, que veem no cazumba um sentido para suas vidas, cumprindo promessas e obrigações religiosas.

Arte, Antropologia e a Dioniso na Cultura Popular Maranhense [30:55]

Lisiane destaca a importância da arte e da antropologia na compreensão da cultura popular maranhense, mencionando a dedicação dos artesãos na produção artesanal dos adereços do cazumba. Ela ressalta a questão religiosa, com a representação de símbolos católicos nas vestimentas. A pesquisadora conclui sua apresentação, agradecendo a oportunidade de compartilhar sua pesquisa e se colocando à disposição para perguntas.

Apresentação de Larissa Lacerda Menendez [33:30]

Larissa Lacerda Menendez aborda as artes indígenas, a estética poética e a antropologia, destacando a crescente visibilidade de artistas indígenas no cenário nacional. Ela questiona por que apenas na última década as artes indígenas ganharam destaque, considerando a ausência dessas manifestações nos currículos de artes visuais e nos museus. Larissa ressalta a importância de reconhecer a diversidade dos povos indígenas e o contexto político brasileiro, que ameaça os direitos conquistados.

Colonialidade e a Visão Eurocêntrica [37:12]

Larissa discute o conceito de colonialidade, que perpetua estruturas de uma sociedade escravocrata e patriarcal, legitimando a violência contra os povos indígenas. Ela critica a visão eurocêntrica da história, que oculta a colaboração indígena e impõe uma ideia de modernidade que beneficia apenas uma elite. A antropologia, como ciência que nasce nesse contexto colonial, exerce sua própria crítica e busca a autorreflexão.

Contribuições da Antropologia para a Reflexão sobre as Artes Indígenas [40:59]

Larissa destaca a importância dos estudos antropológicos para a construção de uma história das artes indígenas. Ela menciona Franz Boas, que reconheceu a riqueza das manifestações artísticas indígenas e a habilidade de alguns indivíduos na fabricação de peças. Boas chamou atenção para as questões estéticas e a poética da fabricação dos objetos, em contraposição a uma perspectiva funcionalista que se preocupava apenas com o uso dos objetos em rituais.

A Poética e a Diversidade das Artes Indígenas [44:23]

Larissa apresenta exemplos de pinturas corporais e cestarias indígenas, destacando a diversidade de materiais, procedimentos e técnicas. Ela ressalta que nem todas as pessoas da comunidade dominam as técnicas ou as expressam virtuosamente. A pesquisadora critica a ideia de que as produções indígenas são coletivas e que qualquer pessoa pode fazê-las, assim como a visão de que a cestaria é um simples artesanato.

Armadilhas e Reflexões sobre as Artes Indígenas [52:57]

Larissa alerta para duas armadilhas ao pensar as artes indígenas: o relativismo cultural extremo e a universalização da arte. Ela explica que a universalização da arte pode levar à designação de outras artes como "afro-brasileira" ou "indígena", marginalizando-as das instituições legitimadas. A pesquisadora questiona se o recente "boom" das artes indígenas não seria uma expressão contemporânea de colonização estética, considerando o contexto político de violência contra os povos indígenas.

A Arte Indígena Contemporânea como Armadilha [55:15]

Larissa apresenta pinturas de artistas indígenas contemporâneos, como Feliciano Lana e Amarante Wanna to my, que se apropriam de materiais e técnicas da arte eurocêntrica para expressar sua cultura e tradições. Ela cita a autora decolonial los tá nova, que critica a apropriação do outro e o multiculturalismo de boutique. Larissa conclui sua apresentação com uma reflexão de jaider esbell, que vê na arte indígena contemporânea uma armadilha para identificar armadilhas.

Apresentação de Josineide Rolando [1:01:20]

Josineide Rolando inicia sua apresentação com uma autodescrição para garantir acessibilidade. Ela agradece o convite e expressa sua satisfação em compartilhar o espaço com as outras participantes. Josineide aborda a relação entre arte moderna, surrealismo e antropologia, apresentando um texto elaborado em conjunto com outras pesquisadoras, inspirado em intelectuais martinicanas.

Surrealismo, Modernismo e Antropofagia [1:05:17]

Josineide explora as relações entre o surrealismo norte-americano e o modernismo brasileiro, questionando o paradoxo de quando o primitivo se torna moderno. Ela menciona o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade e a busca por valorização das culturas negras e indígenas no modernismo brasileiro. A pesquisadora destaca a influência da etnografia no surrealismo e a proximidade entre surrealistas e etnólogos nas décadas de 1920 e 1930.

Poesia Etnográfica e o Espírito de Raça [1:09:33]

Josineide apresenta sua "poesia etnográfica", um texto experimental que busca explorar as relações entre surrealismo, modernismo e antropologia. Ela explica que o texto é construído a partir de fragmentos e referências diversas, com o objetivo de impactar e provocar reflexões. A pesquisadora menciona a metáfora do canibalismo e a apropriação do primitivo pelas vanguardas artísticas, questionando o papel do negro e do indígena no modernismo brasileiro.

Viagem Surrealista e a Negritude Martinicana [1:15:06]

Josineide realiza uma "viagem surrealista" entre França, Brasil e Martinica, explorando as relações entre artistas e etnólogos. Ela menciona Josephine Baker e a "negrofilia" na Paris dos anos 1920, assim como a comunidade de intelectuais negras que se reuniam no salão clamar. A pesquisadora destaca a importância da negritude martinicana, que canibaliza o surrealismo e o transforma em um projeto revolucionário.

Retorno a Si Mesmo e a Consciência Racial [1:25:52]

Josineide conclui sua apresentação com um chamado ao retorno a si mesmo e à consciência racial. Ela cita Jane dargal, que defende a importância de o negro conhecer a si mesmo e afirmar sua personalidade. A pesquisadora questiona o papel do humanismo do pós-guerra e defende a importância do "espírito de raça". Josineide encerra sua fala com uma homenagem a parte Batman, convidando-a a embarcar em um navio de volta e narrar a história de seu povo em primeira pessoa.

Debate e Perguntas [1:27:59]

Após as apresentações, é aberto um espaço para debate e perguntas. As professoras comentam sobre a importância das falas e a relação entre arte e antropologia. São abordados temas como a diversidade cultural brasileira, a religiosidade e a relação entre povos originários e comunidades quilombolas. São feitas perguntas sobre a limitação da arte indígena às dimensões do passado e o entendimento equivocado da estética indígena.

Respostas e Reflexões [1:32:05]

As professoras respondem às perguntas e compartilham suas reflexões. Larissa discute o paradoxo de universalizar a arte e a importância de criticar a colonialidade do saber. Josineide comenta sobre a necessidade de recontar as histórias e a importância de dar voz aos povos indígenas. Lisiane compartilha suas experiências como estudante e pesquisadora, destacando a importância de questionar as estruturas e as narrativas estabelecidas.

Considerações Finais e Agradecimentos [1:46:25]

As professoras fazem suas considerações finais e agradecem o convite e a oportunidade de participar da mesa. Elas destacam a importância do debate e a necessidade de continuar a discutir a relação entre arte e antropologia. As participantes também anunciam a doação de livros para sorteio entre os participantes do evento.

Sorteio de Livros e Encerramento [1:52:00]

É realizado o sorteio de livros entre os participantes do evento. Os sorteados são anunciados e orientados a entrar em contato com a organização da jornada para receber seus prêmios. A mesa é encerrada com agradecimentos e votos de sucesso para o evento.

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Date: 11/11/2025 Source: www.youtube.com
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